A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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domingo, 15 de julho de 2007

NOITES DE DEZEMBRO




Sinos cantando... Noites de Dezembro.
Dlin... Dlon... É a procissão que vai passando...
Recordar é sofrer! Quando me lembro
Antes de me lembrar, já estou chorando.

A luz dos combustores fumarentos,
Numa piedosa e mística atitude,
Levanta-se, nos seus esbatimentos,
A Igreja da Senhora da Saúde.

Lá dentro, no interior, o triste choro
Do órgão velho soltando uns sons antigos.
E na porta da entrada ouve-se o coro
Dos que pedem cantando, dos mendigos.

E o luar bate cá fora nas calçadas,
Um luar de trovadores e poetas...
As estradas estendem-se... as estradas
Na precisão das suas linhas retas.

As árvores do pátio, em simetria,
Velhas, fingindo eterna mocidade,
Dão sombra a quem procura a sombra fria
E a mim que vivo longe, — dão saudade.

Dezembro. Mês de festas... A humildade
Da gente pobre que se agita em bando...
Noites da minha terra!... Que saudade!...
Dlin... Dlon... É a procissão que vai passando...

Olegário Mariano
de Ângelus, 1.911

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