A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 30 de julho de 2007

"AH, QUE BELA MANHÃ DE PRIMAVERA"




Ah, que bela manhã de Primavera!
Abram ao sol as portas, as janelas!
Cheira a café com leite, a sabonete,
a goivos, a sol novo, a vida nova!

A Rua canta!... sinos e pregões,
apitos e buzinas, vozes claras.
--"Gostas de mim?" -- "Gosto de ti" -- e o céu
cobre a Cidade com seu manto azul.

Ah, que bela manhã de Primavera!

Pousam no Tejo barcos e gaivotas,
com velas novas, belas asas novas.
Os eléctricos voam, transbordantes,
a tilintar, a rir nas campainhas,
e os automóveis, como borboletas,
circulam, tontos, nas ruas sonoras.

Ah, que bela manhã de primavera!

No Tejo, os vaporzinhos de Cacilhas
brincam aos barcos grandes, às viagens,
e o pequeno comboio vai e vem,
como um brinquedo de menino rico.
Confundem-se nas árvores, ao sol,
folhas e asas, pássaros e flores.
É festa em cada rua. Em cada casa,
um canário a cantar, uma cortina,
um craveiro florido na janela.

Despejaram-se armários e gavetas,
frasquinhos de perfume...Toda a gente
foi para a rua de vestido novo,
de fato novo, de gravata nova,
e tudo canta, a Rua é uma canção.

Ah, que bela manhã de Primavera!

--"Gostas de mim?" -- é o tema da canção.
--"Gostas de mim?" -- pergunta-lhe ele a ela.
--"Gostas de mim?" -- pergunta à flor o vento
e a flor ao rouxinol... -- "Gostas de mim?"
--"Gostas de mim?", "Gostas de mim?"
Cheira a goivos, a sol, a vida nova...

Ah, que bela manhã de Primavera!


FERNANDA DE CASTRO

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