A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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domingo, 4 de novembro de 2007

"Si nostre vie est moins qu'une journée..."




Si nostre vie est moins qu'une journée
En l'eternel, si l'an qui faict le tour
Chasse nos jours sans espoir de retour,
Si périssable est toute chose née,

Que songes-tu, mon ame emprisonnée ?
Pourquoy te plaist l'obscur de nostre jour,
Si pour voler en un plus cler sejour,
Tu as au dos l'aele bien empanée ?

La, est le bien que tout esprit desire,
La, le repos où tout le monde aspire,
La, est l'amour, la, le plaisir encore.

La, ô mon ame au plus hault ciel guidée !
Tu y pouras recongnoistre l'Idée
De la beauté, qu'en ce monde j'adore.



Joachim Du Bellay -França-

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Se a nossa vida é menos que uma jornada...


Se a nossa vida é menos do que uma jornada
No infinito, se o ano quando reinicia
Nos leva os dias só deixando nostalgia,
Se qualquer coisa ao nascer já está condenada,

Com o que tu sonhas, minha alma aprisionada?
Por que te agrada a escuridão do nosso dia,
Se a fim de voar a mais brilhante moradia
Tu tens no dorso essa asa tão bem empinada?

Lá está o bem que todo espírito deseja,
Lá está o repouso que todo mundo almeja,
Lá o amor, lá o prazer também tem o seu canto.

Lá, ó minha alma, guiada ao céu mais altivo,
Reconhecerás ali o Ideal mais vivo
Da beleza, que neste mundo eu amo tanto


Joachim Du Bellay
Tradução- Ivan Justen Santana

"Sonnets to Orpheu- XXI"




Frühling ist wiedergekommen. Die Erde
ist wie ein Kind, daß Gedichte weiß,
viele, o viele... Für die Beschwerde
langen Lernens bekommt sie den Preis.

Streng war ihr Lehrer. Wir mochten das Weiße
an dem Barte des alten Manns.
Nun, wie das Grüne, das Blaue heiße,
dürfen wir fragen: sie kanns, sie kanns!

Erde, die Frei hat, du glückliche, spiele
nun mit den Kindern. Wir wollen dich fangen,
fröhliche Erde. Dem Frohsten gelingts.

O, was der Lehrer sie lehrte, das Viele,
und was gedruckt steht in Wurzeln und langen
schwierigen Stämmen: sie singts, singts!


Rainer M. Rilke -República Tcheca-

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Sonetos a Orfeu - XXI

Eis outra vez a Primavera. A Terra
é um menino que sabe dizer versos;
tantos, oh tantos... Por aquele esforço
de longo estudo vai receber um prémio.

Severo foi o mestre. Nós gostávamos
da brancura da barba daquele velho.
Agora podemos perguntar o nome
do verde, o azul: ela sabe, ela sabe!

Terra feliz, em férias, brinca agora
co'as crianças. Queremos agarrar-te,
Terra alegre. A mais jovial consegue-o.

Oh, o muito em que o mestre as instruiu
e o impresso nas raízes e nos longos
troncos difíceis: ela o canta, canta!


Rainer M. Rilke
(de 'Sonetos a Orfeu' - tradução de Paulo Quintela)