segunda-feira, 30 de julho de 2007
'QUEM ME DERA'
Quem me dera
que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres
me estivessem pisando...
Quem me dera
que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras
estivessem à minha beira...
Quem me dera
que eu fosse os choupos
à margem do rio
E tivesse só o céu por cima
e a água por baixo...
Quem me dera
que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse
e me estimasse...
Antes isso que ser
o que atravessa a vida
Olhando para trás de si
e tendo pena...
Alberto Caeiro
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