segunda-feira, 9 de julho de 2007
DESLUMBRAMENTO
E' amor? Não sei. Essa intranqüilidade,
esse gozo na dor, essa alegria
triste que vem de manso e que me invade
a alma, enchendo-a e tornando-a mais vazia;
este cansaço extremo, esta saudade
de uma coisa que falta à Vida . . . O dia
sem sol, as noites ermas, a ansiedade
que exalta e a solidão que anestesia,
é amor. Egoísmo de sofrer sozinho,
de as penas esconder do humano açoite,
de transformar as pedras do caminho
em carícias sutis para colhê-las
e andar como um sonâmbulo, na noite
escancarando os olhos às estrêlas...
Olegário Mariano Carneiro da Cunha
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