segunda-feira, 9 de julho de 2007
TEMPO
Tempo essência do Espaço eterno. Tempo - fio
Da vida, mas que enleia a vida e a morte agoura,
Ligando o que hoje cria à destruição vindoura:
Cada berço nascente a um túmulo vazio!
Ilude se é veloz, engana se é tardio,
Porque só se lhe altera a força imorredoura,
Quando encanece o campo ou quando o campo aloura,
Causando o outono, o inverno, a primavera e o estio.
Transforma as cousas: cerra um astro e outro descerra.
Mas, sem que a vida enerve e sem que a morte afoite,
Mantém a coexistência orgânica da Terra.
Desvenda, aos poucos, tudo o que o mistério acoite.
E ao Sol sempre cingindo o mundo, o mundo encerra
No eterno ciclo - a aurora, o dia, a tarde, a noite.
Luís Carlos da Fonseca Monteiro de Barros
(1880-1932)Rio de Janeiro
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