A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 11 de junho de 2007

"DESCRIÇÃO"



Há uma água clara que cai sôbre pedras escuras
e que, só pelo som, deixa ver como é fria.
Há uma noite por onde passam grandes estrêlas puras.
Há um pensamento esperando que se forme uma alegria.
Há um gesto acorrentado e uma voz sem coragem,
e um amor que não sabe onde é que anda o seu dia.
E a água cai, refletindo estrêlas, céu, folhagem...
Cai para sempre!
E duas mãos nela mergulham com tristeza,
deixando um esplendor sôbre a sua passagem.
(Porque existe um esplendor e uma inútil beleza
nessas mãos que desenham dentro da água sua viagem
para fóra da natureza,
onde não chegará nunca esta água imprecisa,
que nasce e deslisa, que nasce e deslisa...)


Cecília Meireles
do livro Viagem 1.939

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