quarta-feira, 13 de junho de 2007
"As curvas de Eros"
De repente nos damos conta
de que o rosto
foi comido pela solidão
fera insaciável.
De repente nos debruçamos
sobre o adeus
e os caminhos da infância extraviada.
De repente um desejo
ladra em vão
às matilhas da lenta madureza.
De repente mastigamos
palavras amargas
palavras cujo sumo foi espremido
pelos dedos da morte.
De repente voltamos a acender o fogo
azulado do mito.
De repente a mentira
põe os seus ovos de ouro em nossa algibeira.
De repente o coração
é uma serpente enroscada nas curvas de Eros.
De repente o sexo
é uma palavra sem nexo.
Francisco Carvalho
De Rosa dos Eventos 1.982
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