quinta-feira, 21 de junho de 2007
'144'
(Orégano com flores)
A contemplação da morte salva os homens,
dizia Epicuro. Ainda não sei
o que fazer, vou contemplando
os campos em volta, os vinhedos, os
moinhos e trago-te minha amiga
um ramo de orégãos — coisa melhor não tiveram os deuses
quando deuses houve. Orégãos
e cristais coloridos
nestas mãos que detêm o segredo
do ar bravio. Com elas te acaricio
antes que a terra me ofereça
outros tesouros. Cair assim
é uma espécie de flutuação que salva
quem não espera salvação nenhuma.
Quando os corpos se amam
eleva-se um templo invisível
onde a fúria se instala —
nem só de vinho
se embriaga um homem.
Casimiro de Brito
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