A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 25 de junho de 2007

OUTRA CANÇÃO


(1919 - Outono)

DESFEZ-SE o sonho para todo o sempre!
Nesta tarde chuvosa
meu coração aprende
a tragédia outonal
que as árvores suportam.

E na doce tristeza
da paisagem que morre
minhas vozes partiram-se.

Desfez-se o sonho para todo o sempre!
Para sempre! Deus meu!,
A neve vai caindo
na campina deserta
de minha vida,
e teme
a ilusão, se vai longe,
que se gele ou se perca.

Como, me disse a água,
que se desfez o sonho para sempre!
É o sonho infinito?
A neblina o sustenta,
e a neblina é tão só
o cansaço da neve.

Meu ritmo vai contando
que se desfez o sonho para sempre.
E na tarde brumosa
meu coração aprende
a tragédia outonal
que as árvores suportam.

Federico Garcia Lorca

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