terça-feira, 17 de julho de 2007
INTIMIDADE
Chega-te para mim e ouve. A noite é um queixume.
Anda o vento planger nas árvores. Aqui,
Neste quieto “interior”, paira um quente perfume...
Não vem das rosas nem da noite. Vem de ti.
Vem dessa boca, dessa estranha maravilha
Que um artista paciente, algum poeta escultor
Detalhou com o cinzel embebido em baunilha,
Em ter uma jóia rara e um cálice de flor.
Vem desse corpo amado onde, flexuosa, passa
Quente e nervosa como uma asa singular,
A linha grega e feminina de uma taça
Onde bebia Anacreonte ao luar...
Vem do teu colo, vem dos teus pés, dos teus dedos,
Essa carícia perfumada, essa embriaguez
Envolvente, um segredo alma de mil segredos,
Confidência de Amor que ninguém nunca fez.
Vem de tudo o que é teu este cheiro, este gozo
Penetrante e sutil, fino como os punhais,
Que põe nas minhas mãos um licor capitoso
que a gente bebe pelo cheiro e embriaga mais.
Olegário Marianno
Poemas de amor e de saudade
1.932
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário