domingo, 15 de julho de 2007
'DEPOIS DA FEIRA'
Vão vagos pela estrada,
Cantando sem razão
A última esp’rança dada
À última ilusão.
Não significam nada.
Mimos e bobos são.
Vão juntos e diversos
Sob um luar de ver,
Em que sonhos imersos
Nem saberão dizer,
E cantam aqueles versos
Que lembram sem querer.
Pajens de um morto mito,
Tão líricos! Tão sós!,
Não têm na voz um grito,
Mal têm a própria voz;
E ignora-os o infinito
Que nos ignora a nós.
- Fernando Pessoa,
De canções
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