domingo, 15 de julho de 2007
'TARDE'
A tarde morre suavemente, como um poeta...
E, estendendo no céu a mão longa e nervosa,
desfolha a flor do dia em nuvens cor de rosa...
Há uma viagem chorando em cada lírio, inquieta...
Uma asa tonta risca o espaço, silenciosa.
O lago de cristal tem uma dor secreta
e uma folha, que tomba, enruga-lhe, medrosa,
como a fronte de um velho, a superfície quieta.
Alguém chora outro alguém sobre o musgo de um banco
No ar parado perpassa uma ânsia de violinos,
de perguntas de amor que ficam sem respostas...
E a Tarde, em seu caixão de virgem, todo branco,
passa lânguida e morta... E, pela voz dos sinos,
todas as torres vão rezando de mãos postas...
Guilherme de Almeida
In 'Toda a Poesia'
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