domingo, 15 de julho de 2007
"SILÊNCIO"
Silêncio - voz do amor, voz da alma, voz das coisas;
suave senhor dos céus, dos claustros e das grutas;
quebra-te o encanto o vôo, em trêmulas volutas,
do bando singular das lentas mariposas!
Silêncio - alma da dor de pálpebras enxutas;
reino branco da paz, dos círios e das lousas;
quando me calo, és tu, só tu, Silêncio, que ousas
falar-me, e quando falo, és só tu que me escutas!
Irmão gêmeo da morte, ó mistica linguagem
com que se fala a Deus! Meu coração selvagem
segreda-te a impressão que á flor da alma resvala
e tu lhe fazes, mudo, a confidência triste
que te faz a mudez de tudo quanto existe,
porque és, o Silêncio, a voz de tudo o que não fala!
Guilherme de Almeida
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