sábado, 7 de julho de 2007
SALMO DO INSTANTE VI
Imóvel ,puro silêncio,
jaz a serpente esquecida,
o olhar de coisa antiga,
cansada de tão antiga.
De vitríolo e esperança,
serpente do negrilúnio,
destilada de aflição.
Milênios de apuro e pó,
momentos abandonados
pelas comarcas do chão.
A cabeça graciosa
entretecida de olhos,
tão profundos, tão oblíquos
concentrando solidão.
A cabeça coordena
o limite espectral:
seres que se cristalizam
e surgem do abandono.
O corpo, bronze sutil,
fia detritos do sol.
No instante já lendário
-que ela lúcida respira –
urde, a serpente , mistério.
E mistério se vai tecendo,
esquisito e paciente
nas arestas de seus olhos
como uma jóia nativa.
Como uma jóia serpente.
Yttérbio Homem de Siqueira
de Abismo Intacto -1.983
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