domingo, 15 de julho de 2007
'ÚLTIMA PÁGINA'
A alma do poeta errou pelo universo afora,
Concentrou-se em si mesma, auscultou seu mistério,
E fez dos sons do mundo uma tuba sonora,
E dos salmos da vida a voz do seu saltério.
Viu, nos sem-fins do caos como o ser se incorpora,
Que o "fiat" sideral provém do vácuo etéreo;
Ouviu a dor do peito humano quando chora
Mas não lhe pôde dar, na rima, um refrigério!
Volta, assim, da excursão cheia de luz, mais triste...
Sente que tudo é um logro; ama a glória e, no entanto,
Sofre, por não saber a causa do que existe!
E abrindo o olhar sem fé para o antro ou para a serra,
Vê que o pranto de agora é o mesmo e amargo pranto
Que há seis mil anos cai sobre as mágoas da terra!
José Oiticica
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