A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

OUTONO



Vem. Fica ao meu lado ... Há uma calma outonal
Que diz bem, meu amor, com os nossos dias ...
Já não se avistam mais os céus de fogo
Na pompa vesperal do estio ardente.
A tarde se dilui em gradações suaves,
Em matizes sutis, esvanescentes ...
Dir-se-ia uma violeta que se fecha
Longe do sol ... Perdendo a cor ... Morrendo! ...

Repara como é bom este perfume!
Um perfume diluído em lilases ...
Perfume imaterial! Olor que não existe,
Mas que tu sentirás, tal qual eu sinto:
Caricioso, envolvente, adormecente!
Perfume da nossa íntima ternura ...

Agora, meu amor, nossa estima se casa
Com esta paz sideral, macia e branda
Como o frouxel de um ninho acolhedor ...
Eu te olho de outra forma. E outra doçura
Tem teu olhar tranqüilo, repousado,
Que já não trai os estos da paixão ...
Nossas mãos se procuram, se acarinham,
E se deixam ficar entrelaçadas
Na muda confidência enternecida
Do amor que tudo tem e chega ao termo
Celebrando as vitórias alcançadas
Nas refregas do tempo percorrido,
E que podemos relembrar felizes
Entre os vapores de perfumes místicos
Desta paz outonal dos nossos dias.


Emilio Kemp
in Cantos de Amor ao Céu e à Terra

Um comentário:

Anônimo disse...

adorei o poema, também adoro o outono