quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
A NOITE, O MAR, OS MORTOS
Desces trágica e bela, as águas abraçando,
Com os teus braços,
Negra, o manto arrastando ...
Um cicio de brisa. Um canto, uma plangência,
Um longe quebro ...
Num som rouquenho e crebro,
Ferindo a água, que fervida marulha
E ressoa no esteiro que borbulha
Aljofrado ...
O vento, agora, esperta e assalta a vaga e freme
O velame bojado.
E esse marulho sobe : é a voz dos mortos,
Dos que foram dormir no fundo sorvedouro
Longe dos amados portos.
Sepulturas sem cruz, sem nomes e sem datas! ...
Por isso é que, piedosa, ó noite, a flux desatas,
Sobre as covas do mar, goivos e rosas de ouro! ...
Arthur de Salles
in Sete Tons de uma Poesia Maior
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