A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Lapsum


(Destiny, John William Waterhouse)


No lapso entre a eternidade e a alma
Equilibra-se a pluma de um arcanjo
Na qual o madrigal de um doloso drama
Flui como sombra de um passado espanto

Aurora pálida que brilha como lâmpada
No tempo da beleza e do espírito
Que demarca as notas da tola alvorada
Vaidade que atravessa, cruel, o infinito

Abre-se como um leque o meu desejo
Enquanto de rendas e lágrimas me visto
Tecido que abraça o corpo com tal gracejo
Do cetim, da ópera, dos nobres, do imprevisto.

Nem liras, nem claves satisfazem o olhar
Que me fita com o esnobismo de uma gueixa
Neste olhar repousam jóias feitas de ar
Como rubi estilhaçado que em meus dedos deixa

E nas ruínas, no nada, naquilo que restou
Escorre na escuridão a forma bela e alva
Um prisma de luz que és tu e é o que sou
No lapso entre a eternidade e a alma.


(Jessica Katleen - WaruWaru)

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