como quem, se despedindo, se surpreende
com a singularidade
que cada coisa tem
de ser e estar.
Um beija-flor no entardecer desta montanha
a meio metro de mim, tão íntimo,
essas flores às quatro horas da tarde, tão cúmplices,
a umidade da grama na sola dos pés, as estrelas
Nada mais é gratuito, tudo é ritual.
Começo a amar as coisas
com o desprendimento que só têm
os que amando tudo o que perderam
já não mentem.
Affonso Romano de Sant'Anna
In 'Epitáfio para o Séc.XX'
Um comentário:
Escandalosamente belo, o poema!
E com amúsica de fundo, parece que ganha vida...
beijos!
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