De mãos erguidas
junto das nascentes,
convoco o inacessível
e construo os cenários
da infância que não tive.
Agora vou ser livre
de percorrer o vento
em linha recta,
de receber os afagos
às mãos cheias,
de pintar em todas as paredes
as bonecas de trapos que não fiz.
Agora posso marcar
um percurso feliz
no caminho que leva
à outra margem,
ou fabricar um enredo
onde a minha imagem,
petrificada e bela,
seja sempre o reflexo
do crepúsculo que se extingue.
Depois, a vida há-de mover-se
como um vendaval inesperado,
mas nada toldará a limpidez
das lágrimas e da noite,
no ritual quotidiano de estar só.
Graça Pires
Portugal
2 comentários:
Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.
Cecília Meireles
Amor & Paz & Poesias na sua semana!
Beijos na alma.....M@ria
De vez em quando cá me vou encontrando. Este poema fez-me recuar 20 anos... Obrigada.
Um beijo.
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