A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Motivo


No coração
a palavra rumina
a indignidade do chumbo
que escurece as manhãs.

Com suas garras de luz
os versos que vingam
no deserto interior
anunciam o oásis
onde a linguagem sacia
a sede de sonhos.

Na manhã dourada
que se anuncia
entre um vento e outro

as estrelas mortas
ressucitarão na obscuridade da alma
reverberando um farol de mel
contra as varizes do desencanto
sepultando o latifúndio as noites.

Eis o poema

ponte dialética

entre a sintaxe do abismo
e a gramática dos silêncios.


Ronaldo Cagiano
in Suplemento Literário de Minas Gerais


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