A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

'SONETO DA MEMÓRIA'



Umbral de sóis: de súbito, incendido
risco no azul. Sob o silêncio arfante,
a alma submersa em mar desconhecido,
dardo de adeus cortando o céu ressoante.

Nos sonhos da memória o dolorido
rol de presenças. Sono murmurante
do tempo ambíguo em sombra percorrido:
passos descompassados de passante

pelas trilhas de cinza, ou nas estradas
já imunes ao lume da esperança.
(Mas nas sendas da noite soam os

ecos das vozes tímidas e amadas,
e as cirandas redançam sua dança
quando as boninas dormem nos chãos nus.)


Waldemar Lopes
In: Cinza de Estrelas

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