segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Que temos neste mundo, meu Deus, afora o amor e o sofrimento?
Temos os ventos, as areias, as árvores, o mar,
e os caminhos na montanha e na planície,
e as estrelas na noite, e os pássaros, e as manhãs puras,
e as coisas humildes e gloriosas que o homem talhou com mão trêmula,
os barcos no porto manso, ao crepúsculo,
a talha de água num recanto escuro de cozinha,
os longos perfis de torre,
a massa antiga, sob o sol, dos mosteiros em silêncio . . .
Que temos neste mundo, meu Deus, afora o amor e o sofrimento?
Todos os seres, e as coisas, e as realidades
que são fonte de amor e sofrimento,
que são fonte da sede de beleza
ou da profunda melancolia . . .
Que temos neste mundo, meu Deus, afora o amor e o sofrimento?
O Mar para perpetuar a ânsia de virgindade e infinitude,
As manhãs puras, as árvores, os pássaros, as areias,
para acordarem a saudade da inocência,
as estrelas na noite para porem esplendor e inquietação no espírito,
os caminhos na montanha e na planície,
para manterem vivo este ímpeto de fuga,
e as coisas humildes ou gloriosas que o homem modelou com mão trêmula,
para lembrarem que a vida foi sempre esta mesma vida.
Que temos neste mundo, meu Deus, senão amor e sofrimento?
Tasso Da Silveira
In: Poemas De Antes
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