segunda-feira, 13 de agosto de 2007
"PARA ROSAS"
Para as rosas, escreveu alguém,
o jardineiro é eterno.
E que melhor maneira de ferir o eterno
que mofar das suas iras?
Eu passo, tu ficas;
mas eu não fiz mais que florir e aromar,
servi a donas e a donzelas,
fui letra de amor,ornei a botoeira dos homens, ou expiro no próprio
arbusto, e todas as mãos, e todos os olhos me trataram
e me viram com admiração e afeto.
Tu não, ó eterno;
tu zangas-te, tu padeces, tu choras, tu afliges-te!
A tua eternidade não vale um só dos meus minutos.
Machado de Assis
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