sexta-feira, 24 de agosto de 2007
"ORAÇÃO A MIM MESMO"
Que eu me permita
Silenciar e aprender e sonhar mais.
Falar menos com minhas certezas
E mais com meus gestos de gratidão.
Chorar menos pelos cantos
E mais na presença de meus amigos.
Acreditar mais na importância de minhas bobagens
E menos na de meus grandes planos.
Ver nos olhos de quem me vê
A admiração que else me têm
E não a inveja que prepotentemente penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos
E minha boca estática,
As palavras que se fazem gestos
E OS gestos que se fazem palavras
Permitir sempre
Escutar aquilo que eu não tenho
Me permitido escutar.
Saber realizar
OS sonhos que nascem em mim
E por mim
E comigo morrem por eu não OS saber sonhos.
Então, que eu possa viver
OS sonhos possíveis
E OS impossíveis;
Aqueles que morrem
E ressuscitam
A cada novo fruto,
A cada nova flor,
A cada novo calor,
A cada nova geada,
A cada novo dia.
Que eu possa sonhar o AR,
Sonhar o mar,
Sonhar o amar,
Sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silêncio das formas,
Dos movimentos,
Do impossível,
DA imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras
Pelo toque,
Pelo sentir,
Pelo compreender,
Pelo segredo das coisas mais raras,
Pela oração mental
(aquela que a alma cria e
Que só ela, alma, ouve
E só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor,
Experimentar a forma,
Vislumbrar as curvas,
Desenhar as retas,
E aprender o sabor DA exuberância
Que se mostra
Nas pequenas manifestações
DA vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem
Que entra pelos meus olhos
Fazendo-me parte suprema DA natureza,
Criando-me
E recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza
E mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão,
Que em vão não sejam
Minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos,
Mas saiba recuperar meus destinos
Com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada,
Principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!
Que eu adormeça
Toda vez que for derramar lágrimas inúteis,
E desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um homem sereno
Dentro de minha própria turbulência,
sábio dentro de meus limites
Pequenos e inexatos,
Humilde diante de minhas grandezas
Tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas
Minhas grandezas
E o quanto é valiosa a minha pequenez).
Que eu me permita ser mãe,
Ser pai,
E, se for preciso,
Ser órfão.
Permita-me eu ensinar o pouco que sei
E aprender o muito que não sei,
Traduzir o que OS mestres ensinaram
E compreender a alegria
Com que OS simples traduzem suas experiências;
Respeitar incondicionalmente
O ser;
O ser por is só,
Por mais nada que possa ter além de sua essência,
Auxiliar a solidão de quem chegou,
Render-me ao motivo de quem partiu
E aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar
E ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
Fazer gentilezas quando recebo carinhos;
Fazer carinhos mesmo quando não recebo
Gentilezas.
Que
Eu jamais fique só,
Mesmo quando
Eu me queira só.
Amém.
Oswaldo Antônio Begiato
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7 comentários:
O poema é simplismente lindo,Oswaldo é um poeta sensivel,sabe falar a alma da gente,toca profundamente.
abraços
Lindo poema, inspiracional e tocante.
Parabéns, Oswaldo !
Bom ter tido sua visita no meu blog e saber q vc viu q eu fiz confusao entre Augusto dos anjos e J.Lins do Rego.
Ja tive procurando onde vc poderia ter visto o poema,mas nao achei,infelizmente.Se vc puder me mostrar onde viu,seria ótimo!Obrigada.
Obrigada por sua informação. O poema me chegou assim e o publiquei com todos os dados com k veio, sem poder imaginar sequer que estava cometendo uma tão frave falta com falsa atribuição de autoria. Já corrigi. Muito obrigada mesmo. E vou linkar você pois tem aqui poemas belíssimos.
Bjs
Luz e paz
Percebi, até pelo título do blog qual a sua linha de orientação.
Fico grata por linkares meu(s) blog(ues).
Também escrevo e já deves ter reparado a refª aos livros de poesia publicados (3 - 2 esgotados).
Também estou em 3 colectâneas, mas não tenho presunção. Necessito escrever.
A bem dizer a escrita exige sair. Faço o melhor k sei, tento ser cuidadosa mas não me considero uma grande poeta, mas não me envergonho do k escrevo e isso, por ora, basta.
Os poemas k vais divulgando são muito bons e, para mim têm a vantagem de ser, maioritariamente, de autores que não conheçia/conheço - pq ler 1 poema não é conhecer.
Sei k não vais levar a mal k te diga, mas neste verso tens uma gralha, conforme podes verificar:
«(...)A admiração que else me têm(...)»Bjs
Luz e paz em teu caminhar e ao teu redor e um bom resto de domingo.
Qnt à net também não sabia nada, vou, em autodidactismo, fazendo o aprendizado pelo método de tentativa e erro e, por vezes, peço alguma informação a outros blogers.
Amigo Fernando, Ana Maria Braga já tinha lido esse poema meu no programa dela. HOje ela leu de novo. Enquanto ela lia eu estava fazendo o exame em São Paulo...
pois é..
Obrigado..e obrigado a todas as pessoas que deixarm aqui estas palavras gentis...
pois é...
Oswaldo.
Querido poeta e amigo, toda sorte do mundo a você!
Obrigada por seus maravilhosos versos, que tanto nos encanta.
Tem mais alguns, neste despretencioso blog.
Um grande abraço da amiga
Maria Madalena.
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