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Daria as praias do meu pensamento,
seus campos, suas noites e cidades;
dera também meus remos e verdades
e meus sinais de chão e firmamento;
meus morreres anônimos, meu lento
desancorar de antigas mocidades,
meus sinos cheios de manhãs e tardes,
meu sonho e corpo de descobrimento;
dera o meu sono, o meu olhar deserto
(tão novo sob as pálpebras da vida!),
o triste peito, o abismo e os seus desvãos,
estes rosais do último céu desperto,
o derradeiro trigo, a umedecida
sombra nas minhas despojadas mãos.
19.8.52
Abgar Renault
In: Obra Poética
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