A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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terça-feira, 31 de março de 2009

SAUDADE




Saudade! A alma curou-se da ferida:
Mas quantas cicatrizes na lembrança!
Passa no ar uma queixa dolorida
E há um véu por tudo quanto a vista alcança.

Horas de sombras: o cortejo avança ...
Saudade! Filigrana entretecida
Com fios de ouro e prata, que a esperança
Deixa por todos os sarçais da vida.

Longe, no campanário abandonado,
O sino dobra, lúgubre. Uma prece
Sobe do coração para o passado.

A tarde morre, misteriosa e calma.
Vão-se as últimas asas. Anoitece.
O sino cala-se. Anoitece a alma ...


Heitor Lima
in Primeiros Poemas

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