segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Noturno à janela
certas noites
a névoa invade
tão densa tudo
que impede ver
o outro lado da baía
não apenas
a linha do horizonte
ou o corpo das montanhas
ou mesmo o espaço de mar
e as ilhas interpostas
que toda noite
quase ocultos
já tendem a se tornar
mera hipótese
salvo a brisa
e o que nela há
de memória e suposição
mas sobretudo
os faróis
suas luzes intermitentes
ora pontuações do silêncio
ora suturas de uma arquitetura
sem limites sem traves
volumes insuspeitos opacos
sim um tudo desmesuradamente nada
Júlio Castañon Guimarães
(do livro Matéria e paisagem, 1998)
(Minas Gerais -1951)
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2 comentários:
Lindissimo poema
gostei muito.
beijinhos
sonhadora
Sim, lindo poema realmente, Mada. Até me inspirou, estou ainda trabalhando naquele poema que te enviei. Bjos, my sister in soul.
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