A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Do sofrer que se olvida à própria vida




I

O Olhar é devir esvai-se à chama;
com suplício que vê e não transcende;
em um contemplamento impotente;
olhar alucina-se carpir;

É um deslumbrar mais do que olvidar;
do padecer olhar por entre à relva;
que ao não se perceber de existente;
do sofrer que se olvida à própria vida;

É um esvair-se intenso ao evadir;
Olhar a quem percebe mesmo visto;
revisto com quem vimos infinitos.

Se puder olhar imagem esplendor
frugais imensidões felicidade;
Pondo si tal verdade a mesma dor?

II

Do prado, ao meu olhar serei lento,
mais, com mais velo, rente ao vento,
que do mesmo enlace com maior,
zelo se feche entorpecimento.

Penso olhá-lo de cada ser instante,
esplendor sabe com findar no alento,
ao bramir despertar do meu canto,
contentamento pranto imortal.

Portanto quanto arde mais à tarde,
quiçá tece à sorte desta angústia,
por quem com o dizer dimensão.

Eu inda possa olhá-la desta chama,
tecer-lhe sorte clamar do infinito,
quem sabe ilusão de fenecido.

Eric Ponty

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