A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

NÉVOA DE PEDRA



Reais a página e a caneta e a tinta
E a mesa e o chão e os olhos das janelas.
E as sediças respostas da memória
Viciada em consumir o meu silêncio.

Reais a mão e a rédea dos seus nervos
E o rumor deste dia e o sol lá fora.
E o sexo da sombra inconseqüente
Propondo gerações de fiéis dilemas.

Reais as cores secas dos três reinos
E a aparência de morte dos minérios
E a entrevida das folhas e das águas.

Reais estas palavras inimigas –
Luzes pesadas esculpindo a angústia –
Bem mais leves que a névoa que elas moem.

Homero Frei
In “Sonetos Brancos” (1998)

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