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('Coruja das torres'-Portugal- Photo by ZéJRicardo )
As rodas rangem nas curvas dos trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu naufrágio
Os elementos mais cotidianos.
O meu quarto resume o passado em todas as casas que habitei.
Dentro da noite
No cerne duro da cidade
Me sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de pomba.
Sei que amanhã quando acordar
Ouvirei o martelo do ferreiro
Bater corajoso o seu cântico de certezas.
Manuel Bandeira
Editora José Olýmpio. Rio de Janeiro/1986. 'Poemas escolhidos',p.11
Poema recebido da amiga Leila Derzi.
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