A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

'Luz Cadente'



Serão miragens
aqueles tons em cobre
ondulando em folhas na tarde?
Meus olhos devem andar poéticos
ou delirantes.
ou mais febril a minha percepção
que entende
que os animais atendem
às nuances que aquela luz poente concede.
Luz e folha devem ter naturezas atadas
em delicado, intraduzível elo
que traça o pássaro ao ninho.
Não sei.
O que para as aves deve ser
algo como arbóreas núpcias
em mim
é um degredo em ecos,
um vago ruflar de um sentido.

Minha razão nada pode
contra a luz cadente
que vela e desvela
aquele tom amêndoa
- ferrugem quase dor,
quase leve -
que a alma agora consente.
E que de volta
à presciência do mundo,
ao ninho da terra
vai me cumprindo.

(Fernando Campanella)

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