A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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quinta-feira, 7 de agosto de 2008

'À noite'



Eis-me a pensar, enquanto a noite envolve a terra;
Olhos fitos no vácuo, a amiga pena em pouso,
Eis-me, pois, a pensar... De antro em antro, de serra
Em serra, ecoa, longo, um "requiem" doloroso.

No alto uma estrela triste as pálpebras descerra,
Lançando, noite dentro, o claro olhar piedoso.
A alma das sombras dorme; e pelos ares erra
Um mórbido langor de calma e de repouso...

Em noite escura assim, de repouso e de calma,
É que a alma vive e a dor exulta, ambas unidas,
A alma cheia de dor, a dor tão cheia de alma...

É que a alma se abandona ao sabor dos enganos,
Antegozando já quimeras pressentidas
Que mais tarde hão de vir com o decorrer dos anos.

Francisca Júlia
(Xiririca 31/08/1871- São Paulo 01/11/1920)

Um comentário:

Anônimo disse...

Apenas quero registrar o engano quanto a data de nascimento de Francisca Julia da Silva, a maior poetisa parnasiana do Brasil. Ela nasceu em 31 de agosto de 1871 e faleceu em 01 de novembro de 1920.
Grato
Jos[e Am[erico
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