segunda-feira, 12 de outubro de 2009
SONETO
Vínhamos de ontem como quem da sorte,
embora finda a vaza, não se olvida
e a quer de novo, quando novas cartas
tem entre as mãos, como nos têm os dias.
Os naipes jogo sobre a mesa. Espero
que cada lance nunca se repita,
mas possa ver o céu que amanhecia
outrora, no que vai surgir da noite
aberta inteira sobre o verde. E quero
que seja agora meu o haver passado
como as tardes se foram, mas as somos.
Incerto, ganho. Pois em nós o tempo
refaz de claridade o que perdemos
e repõe no universo o que foi sonho.
Alberto da Costa e Silva
In: As Linhas da Mão (1978)
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