quarta-feira, 28 de outubro de 2009
o sol do meio dia
o sol do meio dia
não veio nos visitar
meu anjo
não guardou
o lugar na primeira fila
o filme está prestes a começar
guerreiros inflamados
desnutridos de cultura
com armas em punho
espumam líquido rubro
conspiram contra almas
(ainda inocentes)
o sorriso
uma uzi
me faz de alvo
de repente
vi meu escalpo
sangrar
feliz
em suas mãos
herói sem nome
frente ao espelho
diz;
- olá!
bússola sem controle
faz o caminho correto
leva
a lugar nenhum
seres devassos
sussurram preces bucólicas
um cai
outro levanta
traz migalhas de carinho
minha metade homem
sente saudade
a outra
sonha ainda te encontrar
lobos
(os donos da noite)
querem acabar com
a solidão
frestas de desejo
(suave toque)
comandado pelo
derradeiro sopro da vida
maltrapilhos
famintos
cobiçam o beijo do luar
a mão que acaricia
o amor
o grande pano
dá seu último cochilo
fico sentado
impaciente
aguardo uma
continuação
José Geraldo Neres
(São Paulo 04-12/1966)
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