segunda-feira, 12 de outubro de 2009
DO AZUL, NUM SONETO
Verificar o azul nem sempre é puro.
Melhor será revê-lo entre as ramadas
e os altos frutos de um pomar escuro
- azul de tênues bocas desoladas.
Melhor será sonhá-lo em madrugadas,
fresco, inconstante azul sempre imaturo,
azul de claridades sufocadas
latejando nas pedras – nascituro.
Não este azul, mas outro e dolorido,
evanescente azul que na orvalhada
ficou, pétala ingênua, torturada.
Recupero-o, sem ter, e ei-lo perdido,
azul de voz, de sombra envenenada,
que em nós se esvai sem nunca ter vivido.
Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Antologia Poética
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2 comentários:
"...Não este azul, mas outro e dolorido,evanescente azul que na orvalhada ficou, pétala ingênua, torturada..." - Lindo!!!
... este azul
que esfuma os montes
e desenha um céu
meu poder de ficção
meu sonho
que paira tão alto
e que para sempre me escapa.
(Fernando Campanella)
Pois é, Mada, indentidades. Lindo o soneto 'Do azul, num sonteto' Bjos.
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