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Havia um coração a ser construído
pelos cantos do mundo sacudido
havia uma paixão despedaçada
pelo choro do mar atravessada
Havia um sono sempre soluçado
e um copo d’água nunca derramado
e uma rua de sol sempre banhada
e uma noite de lua inacabada
Havia um ser de pregos trespassado
e uma clareira em meio ao mar irado
e um grito por espasmos dividido
E nos espinhos rosa concentrada
e nos passeios rosa desfolhada
e nas esquinas coração destruído.
Odylo Costa Filho
in "Tempo de Lisboa e outros Poemas"
(Maranhão)(1914-1979)
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