A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Revisitado"



Bem vindo a minha casa
Mas se quiseres ir ao sótão
Leva as velas
Algo ali vive que não suporta
A crua luz escancarada.
Eu o revisito, tantas vezes,
E não me incomodam seus trastes,
Alguns ratos – eles me convivem,
Eu sou o velho hóspede da casa.
Subo e desço, no cotidiano ato,
gosto de ir, às vezes, regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores de meu cercado.
(Com a palma lisa de meus olhos
Acaricio as ternas fugacidades.)
Desço, e subo, vou por estes cômodos
Sonambulando.
Acomoda –te a minha casa,
Mas se quiseres entrar
em meu sótão, acende as velas,
Ali já estou aclimatado,
Sou amigo do gato,
Eu roubo a luz pelas mínimas
Frestas do telhado.
Ali todas artimanhas
Já incorporei.
Eu sei dos hábitos
como sei .
Eu me convivo,
eu sou o velho fantasma,
da casa.


(Fernando Campanella)

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