sexta-feira, 13 de junho de 2008
"Ave dos anos"
No dia em que vi ao mundo,
uma cegonha, não sabem?,
destas migradoras, uma asa na Europa,
outra na África,
me trouxe no longo bico,
em penugens por fraldas,
(ou, se chovia, debaixo
de suas planantes asas)
à chaminé de minha antiga,
esmaecida casa.
E se vos conto esta estória
não é por inocência,
nem descaso com a ciência,
minha mãe desde cedo, desde o colo
de tal fato me fez par.
Mas , ora, dirão os céticos,
nem crianças mais crêem
em delírios da carochinha,
isto é lenda para boi dormir.
Mas garanto-lhes que, pelo menos,
em sã biologia ,
de nenhuma virgem eu nasci.
Que vim com a cegonha,
(ou foi uma garça?) lá isso eu vim ...
Os livros, os cochichos das fadas,
também tal me diziam, e que mal há
se nisso cri, se dessa verdade
me transpareci?
Que mal, se meus braços
foram sempre premências de asas,
se fiz das memória mais encantada
a minha genética da alma...
e se em meus dias de azul,
para acima da terra,
para além do humano,
em meus múltiplos céus
a ave sutil de meus anos
ainda leva no bico,
ainda embala
a mim, sua eterna criança.
(F. Campanella)
Nossa homenagem ao aniversário do poeta.
(13/06)
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