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Do alto destes montes, consigo sentir a terra mais quieta, as cidades sem ruídos, as árvores desenhadas em antigas porcelanas chinesas lá embaixo. Estes tetos são o que preciso para abstrair certa leveza da vida, uma energia menos carregada do humano. Aqui, o silêncio é interrompido apenas pela canção interna do vento ou por um pio rarefeito de um pássaro, sua mística atravessando o ar. O mundo visto daqui é uma aquarela cambiando cores ao longo do dia. Ao longe, às vezes, alguma tempestade se encorpa, confunde céus e terra, e passa.
Quando desço destes refúgios sinto de novo o arsenal de meus conflitos e hábitos. Paciência, não tenho ainda a vibração dos santos. Sorte que destes fundos silêncios e destas úmidas luas vez em quando me embriago. Nestes infinitesimais cortes no tempo posso então amar e me inspirar em minhas nascentes, como Copland em suas Appalachian Springs.
(F.Campanella)
Photo by Fernando Campanella
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