Numa brancura que de ver nos cansa,
Como se então de névoas um deserto
Se abrisse assim sem luz nem esperança.
E nessa névoa que nos deixa incerto
E num abismo sem sentir nos lança,
Como se o olhar se visse então coberto
Sentimos se apagar nossa lembrança.
Sentimos um torpor indefinido,
Um vago sentimento adormecido
Como da morte as frias mãos felinas.
E nesse triste desalento infindo
De todo o céu sentimos ir fluindo
Neblinas e neblinas e neblinas...
Saturnino de Meireles
(Rio de Janeiro- 1878-1906)
Um comentário:
Muito interessante o seu blogue e a selecção de poemas que apresenta.
Parabéns.
Helena Figueiredo
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