A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 10 de março de 2008

"EPITÁFIO..."



Guardei banais segredos dos amores de criança
dos mistérios da infância ouvi apenas por tolice
contei parábolas de amor porque o próprio amor
predisse que na vida viveria só dessa lembrança
de reviver das cinzas de uma flor do apocalipse...

E das águas correntes desse rio em minhas veias
de onde doce fluísse uma canção jamais ouvida...
Talvez de alguma fonte de desejos clandestinos
ou dos prazeres matutinos de profanas ladainhas
dos arcanjos decaídos de meus sonhos suicidas...

Apraz-me então morrer dos místicos presságios
de quem padece lentamente da secreta liturgia
de reencontrar-me pelo acaso de um momento
em que a parte encantada de mim fosse a magia
desse feitiço de poder-me amar além do tempo...

E era tudo o que a alma não defesa pretendia...
E para muito além do que muito além de mim
aonde jaz meu pássaro cantor de súbito abatido
concebido me fosse então morrer de desamor
se reviver de amor a mim não fora concebido...

A. Estebanez

Ilustração: Metáfora da água.

Um comentário:

Nine disse...

Olá, Maria...
Estou tão encantada com tantas poesias e pensamentos que estão em teu blog. Muito bom gosto tens em tuas escolhas, alguns inclusive vim a conhecer aqui!
Sempre que posso, passo para ler e me aconchegar nas belas palavras que encontro em teu espaço!
Um grande abraço,
Nine