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Tudo é partida de navio, velas
ao vento, coisas desancoradas
que se desgarram. Este copo, esta pedra
que pronuncio não são palavras, nem
versos de amor, nem o sopro
vivificante do espírito. São barcos
arrastados pelo tempo, cascas
de fruta na enxurrada, lenços
de adeus, enquanto o vapor se afasta,
e de longe ilumina essa ausência que somos.
Rio, 15/3/80
Hélio Pellegrino
In: Minérios Domados
3 comentários:
Como um cais de chegadas e partidas. Os barcos. A despedida.
Um poema fantástico a falar da espera "essa ausência que somos".
Um beijo.
Helio Pellegrino é um espírito iluminado. Que beleza de poema. Um beijo, minha amiga.
Rara beleza... estes versos.
Sds.
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