A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Nuvens dos olhos meus, de altas chuvas paradas



Nuvens dos olhos meus, de altas chuvas paradas,
- por chãos de adeuses vão-se os dias em tumulto,
em noites êrmas e saudades longe morre.


Sem testemunha vão passando as horas belas.
Tudo que pôde ser vitória cai perdido,
Sem mãos, sem posse, pela sombra, entre os planêtas.


Tudo é no espaço - desprendido de lugares.
Tudo é no tempo - separado de ponteiros.
E a bôca é apenas instrumento de segredos.


Por que esperais, olhos severos, grandes nuvens?
Tudo se vai, tudo se perde, - e vós, detendo,
num prêso céu, fora da vida, as águas densas

de inalcançáveis rostos amados!


Cecilia Meireles
in Solombra

2 comentários:

Fernando Campanella disse...

Boa noite, minha querida amiga. Poetas têm o 'leitmotif', uma certa tecla onde batem, batem... Cecília tem a vaga tristeza das perdas, das coisas fugidias. E tão linda e delicadamente trabalhou isso em palvras, em versos. Cecília é uma mestra de nós todos.
Bjos, saudades de vc.

Sonia Schmorantz disse...

Maravilhoso poema de Cecília Meirelles, teu espaço é cativante!
beijo e um ótimo fim de semana