A alma é um cenário.
Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca,
inundada de alegria.
Por vezes ela é como um pôr do sol...
triste e nostálgico.

-Rubem Alves-

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A MAGNÓLIA



Sem paixão plantei-a no meio
do jardim. Pesado tributo
à insolvência dos dias.


Bandeiras de cor verde-ferrugem
transeunte natureza de amor desvelam
caravela de pássaros e o vento nas ramas
alegre o riso
na onda: o arco-íris.


(Comprei vestidos sem cor
e – pelo verão – esperei
as vergônteas da morte.
A água que bebi era de cinza.)


Nuvens se espedaçam
inflam botões
alvos
sorrisos na relva
e o chá vertido nas flores bebemos
da lembrança.


(Se nasceram luas apenas
é pétalas decepadas
acaso fui eu
acaso fui
eu?)



Dora Ferreira da Silva
In: Poesia Reunida
Jardins (esconderijos) 1979

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