terça-feira, 10 de novembro de 2009
Elegia
Por que de estranhas terras eu te acompanho lua solitária
E durmo ouvindo os teus passos de anjo pela noite
Quando os velhos desejos desaparecidos voltam à flor das ondas
E a noite do exílio levanta as suas árvores de sonho,
De um tempo imemorial eu acompanho as tuas viagens,
Tu que vestes os mortos com o que cai do coração dos vivos
Eu te acompanho pelo céu escuro
Sentindo como tua a vertigem da morte que anuncias.
Tu que de um tempo longo ergues teus olhos sobre o tempo
E apenas náufragos aportam a esse país estranho em que tu vives.
Ouço tua voz cair no mar da madrugada
Para que o céu se deite sobre ti como um sepulcro
E as estrelas brilhem nesta noite escura como incêndios.
Paulo Plínio Abreu
In: Poesia
(Belém do Pará -1921-1959)
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2 comentários:
Olá Maria, lindo o poema do Abreu... Ótima a sua escolha. Bj.
Maravilhoso poema, minha querida amiga. Quanta coisa linda que não conhecemos. Mas a poesia é assim, pérola oculta, que sempre a novos olhos haverá de surgir. Bjos.
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