Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos
De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito…
Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma coisa de alma do que é meu.
Narrei-me à sombra e não me achei sentido
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido…
Centauro, n°l, Out-Dez. 1916.
Fernando Pessoa
in: Poemas Ocultistas
3 comentários:
Madalena,
"Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos"
Maravilhosa postagem!!!
Fico muito feliz e honrada pelo prêmio que voce me ofereceu.Já vim retirar e te agradeço mesmo, por esse incentivo e pelo carinho que sempre demonstra em tudo o que faz!
Te admiro muito, pelo exemplo de seriedade e conhecimento no que faz, sempre com belíssimos e competentes trabalhos!
Um grande beijo!!
Reggina Moon
Um areal morno acolheu
Teus passos ávidos da chegada
Caminhas na procura das marcas
De uma espera desencontrada
Calmaria!
A bonança reivindicou o Sol no celeste
Uniram-se os pedaços de rasgada vela
Tua alma retomou o sonho adiante
Boa semana
Mágico beijo
Madalena,
Sem jeito aqui estou, mais uma vez siderado pelas palavras, neste caso bem conhecidas do FP.
Sem jeito aqui estou recolher o "selo" com que honra o Sight Xperience.
Sem jeito, deixo as singelas palavras de FP :
Outras vezes ouço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento,
vale a pena ter nascido.
(in «Obras Completas»
de Fernando Pessoa)
Excelente trabalho este seu cantinho!
Um abraço.
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