quinta-feira, 4 de junho de 2009
A ORQUESTRA INVISÍVEL
John Singer Sargent
Num liso papel assim tão próximo
Com a mão percorro a escuridão.
Vou tateando levemente os seus contrastes
Vou descobrindo formas e objetos,
Ou medindo os elementos escondidos
Na ordem sem sentido e tenebrosa.
A escuridão se quebra em teclas negras
Que se encadeiam, que se dispersam. . .
Surgem teclados de instrumentos raros
Cujo som perfeito não se sabe bem.
É um som apenas? É um canto claro?
De uma sinfonia ou de uma sonata?
Noturno de Chopin em sol maior?
Do outro lado há tímbales, tambores,
O branco aparece puro e consagrado,
Na sua alvura imaculada;
Há longos fagotes, há clarinetes,
Há flautas e oboés: escondidos
No escuro cantam violinos, violoncelos;
E a luz branca brilha eternamente
Nessa orquestra invisível e nihilsonora.
O som, o cântico, a música da esquecida orquestra
Estão no fim, estão no branco-luz constante e claro.
Joaquim Cardozo
in: Poesia Completa
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3 comentários:
Eu nem acredito que deixamos esse blog um pouco, só um pouquinho mais bonito do que já era! Dá gosto passar aqui. Que lindo, amiga.
Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios
Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos
Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz
(Charles Chaplin)
Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho.
Abraços Eduardo Poisl
Bela escolha. Como dizia joaquim Cardozo: "Eu não sou bem um poeta. Minha vida é que é cheia de hiatos de poesia".
Parabéns.
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