segunda-feira, 25 de maio de 2009
Escreve o mar
Até a folha em que escrevo chega o mar
com seu pulsar cheio de naufrágios
como meu coração.
E na folha, da mesma forma que na areia,
escreve seu segredo trêmulo
e sua canção.
Banha de nácar e cristal meu sonho
diurno e, se calo, escreve em meu silêncio
seu coração.
(Como em outro planeta canta um pássaro.
Quase humana, respira a manhã
de jasmim e limão.
Talvez sonhada ou recordada voa
como uma ferida azul a mariposa
com sua ilusão).
Em uma onda vem todo o mar
e ao pé deste poema se desfaz
como uma rosa que cantara.
Onde é mais só o mar
e mais largo e mais fundo e terno e feroz
é no meu coração.
Eduardo Carranza
(O coração e o Mar 1)
In: Antologia Poética
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2 comentários:
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
(Álvaro de Campos)
Lindo seu blog, muita paz e sensibilidade.
Uma ótima semana!
Beijo
Mara
Cada imagem, cada poesia em seu blog é um encanto.
Vim deixar meu carinho!
Helena
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